Calmaria

Sinto-me sentada na proa do barco apreciando o mar, ma algo está estranho. Não sei dizer se alcancei o ápice da fase com o fechamento de um ciclo e o começo de outro ou a calmaria do mar que dá uma pausa ao marinheiro. Não posso dizer que tem sinal de mudança, visto pela falta de vento para as velas soprarem. Nem sinal de chuva e de vento. Nada. Um silêncio absoluto como algo finito. Não sinto o frio na espinha, a ânsia pela aventura mesmo alinhando e recalculando a rota. Enquanto me encontro na proa, nem sinal de nadadeiras dorsais ou sons marinhos, nem navios à vista, só eu e o mar; nem somos tão velhos assim. Enquanto faço o meu e o dia passa na calma do tempo, sinto apenas saudades das turbulências, da agitação da alma e das surpresas da vida.