QUERIDO CUPIDO..

     Desde que eu entrei no concurso dos 365 dias de escrita, eu tenho feito um exercício que eu não fazia, que era refazer todo o texto e agora é o que mais eu mais faço para caber nos 1500 caracteres com espaço, assim como manda o figurino, porque o que antes eu sabia o que eu escrevia, hoje eu tenho adequar todo o texto para a publicação; refazendo a história original. Foi o que eu fiz com a sua carta que eu achei melhor não te mandar a original onde eu apertava o botão F para te mandar para algum lugar não muito lindo.

    Na primeira versão escrevi 40 itens de benfeitorias deste ano, das escolhas que fiz por mim, das frustrações que senti, que aliás é o que mais eu tenho sentido, das vozes da intuição que as vezes eu gostaria que elas não existissem, das pessoas que eu conheci, das amigas, amigos e amigues que conquistei, de outros, outras e outrxs que mantive e ainda daqueles que já mandei de volta para nárnia. Como  é natal tempo de reflexão, pensei em escrever esta carta para te falar algumas verdades e nesse texto autoral, reflexivo e especialmente escrito para você, acredito que eu deva começando pelo fim. Me diga quem colocou esse nome em você.."cu-pido" é sério mesmo? Não conhece a tradição aqui no Brasil? 

    Estou tentando fazer as pazes contigo, mas tenho que admitir que está bem difícil. Quantas vezes você bateu na trave este ano?? Somente para me mostrar de quantos  você me livrou? Eu entendi alguns recados, outros estou tentando entender. Entendi que para me colocar  no caminho do bem maior, teve que limpar o caminho, me mostrou todas as pessoas que um dia as conheci remotamente, realmente me livrou de vários infortúnios. Me trouxe tantos outros que não estavam preparados para amar com liberdade e até mesmo para respeitar minha individualidade, minha força e determinação. Me trouxe amigos que são presentes na minha vida.

    Não posso deixar de comentar sobre as vezes que você me alertou e eu escolhi ir. Fui, enfrentei, meti as caras. Tentei repetidas vezes, mesmo sabendo que era o fim, mas tentei. Me culpei por todas as besteiras que fiz, pelas escolhas erradas, por meus defeitos e erros cometidos. Voltei para casa impondo limites, na grande maioria dos dias não fui acolhida e nem entendida.

    Mas, se o amor está no ar, ele é comigo mesma. Mesmo sem acolhimento da grande maioria, eu me senti acolhida e amada por algumas pessoas que nas relações valeram ouro.

    Este ano voltei para Curitiba após 8 anos da minha ausência, por meu interesse pessoal de não ir mais e de escolher ir este ano ao Congresso Internacional de Felicidade, até mesmo para entender qual caminho estou trilhando hoje e projetando amanhã, mesmo sem saber se o amanhã existirá.

    Desde que saí do moto clube, escolhendo a minha vida, minha casa, minha família, meus interesses pessoais e profissionais, eu vivenciei uma experiência única andando na garupa da moto de uma pessoa que também fez suas escolhas. Nesse processo de escolha pessoal e intransferível, escolhi não fazer a prova (por medo de prova também), não era mais o momento.. Escolhi os treinos, a vida profissional e a solitude. Voltei a fazer meus projetos, a escrever no blogger, a fazer as restaurações e a me amar.

    Neste final de ano letivo, me dei conta de quantas amizades e relações eu construí, com adultos e com crianças. Construí amizades de todas as idades nas viagens com a Claudinha. Este ano fiz duas viagens solo, uma em janeiro e a outra em julho, e viajei com amigas; todas as viagens para a praia.

    Este ano enfrentei vários desafios como plantar o Sushi, tatuar meus felinos no braço, transformar o seu lugar preferido num encantador espaço para pássaros e plantas. Fiz mais uma travessia em águas abertas, voltei a atuar como psicóloga, escolhi sair de um lugar opressor por amor próprio e felicidade. Enfrentei os sintomas pós-covid mesmo acompanhada de um neurologista. Trabalhei o ano todo sem tirar licenças ou faltar. 

    Descobri que eu falo a verdade mesmo que ela doa porque não estou nessa vida para passar a mão nos erros dos outros.

    Participei pela segunda vez da Ação de Saúde na Paróquia Santo Antonio de Vila Jaguara como psicóloga apresentando a escrita terapêutica.

    Escolhi a mim mesma, procurei um nutricionista para me ajudar na tarefa de emagrecimento e me mostrar o que estava errado na minha alimentação.

    Segurei tanta coisa esse ano que fiquei sem voz e com uma baita alergia desde ontem, coisas da vida.

    Sinto muito por não alcançar o melhor de mim, já que o meu melhor eu fiz todos os dias, mesmo querendo mais, mesmo sabendo que não era possível naquele momento. 

    Esta carta é para você um pedido de desculpas, por ter sido tão rude na publicação de ontem, quando escrevi muito brava, me deixei contaminar pelos últimos acontecimentos de pouco amor, mais uma vez, falamos sobre amor.

    Este ano o que mais presenciei foi a falta de amor das pessoas com outras pessoas. Por que está tão difícil amar e ser amada? Por que as pessoas estão tão desarmoniosas? Procuram casas para evolução e cometem os mesmos erros.. essa eu sei cupido, porque suas falhas não se tornaram conscientes.

    Queria eu ter minhas asas físicas para voar ou minhas vassouras preparadas para viajar. Na ausência dessas magias, eu escrevo, eu nado, eu aprendo, eu choro, eu me desespero, eu contemplo, eu como, eu me frustro, eu vivo e todo final de dia, eu morro e cada vez que eu entendo uma lição da vida eu renasço para recomeçar ou começar um novo ciclo.

    Cu-pido, este ano até encontrei o "satanás" vestindo saia tentando fazer muitas maldades comigo e com meus amigos para se dar bem. Este ano fui ver deus em formato de Gnomo, me banhei em cachoeiras, vi estrelas no céu e sol de montão. 

    Aprendi com algumas pessoas até o que eu não quero ser e não quero para mim. E, aprendi o que eu quero para mim, mesmo que tudo que eu ouvi causou curto circuito cerebral. Estou aprendendo que perdoar é deixar ir o que nunca foi meu, é soltar a corda que machuca a mão.

    O que eu sei, que 2023 não foi um ano fácil porque o que mais eu encontrei no caminho foram pedras. Aprendi que a lição desta vez não era somente para mim. Eu fui para amar e talvez ensinar as pessoas a aprender o sabor do amor. Não mudamos ninguém, nesse processo de aprendizagem, eu aprendi que um coração peludo, um acolhimento, uma inclusão, um profissional só se fazem por si mesmos. Eu não me arrependo de nada que eu fiz, nem das verdades que eu falei, sabe por que? Porque eu vivi!

    Agora, depois desse natal, vou tratar de fazer minhas projeções para 2024. Cupido, já fez as suas??

    Me diga, o que você quer para este novo ciclo? Afinal ...hoje é natal!!

Imagem: arquivo pessoal



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