Uma conversa com meu inconsciente

 No fim da adolescência e início da vida adulta, no ano que prestei vestibular, sem saber o que eu realmente queria e mesmo fazendo um teste vocacional, eu não tinha a certeza do que eu queria de fato, de qual profissão escolher e por isso me inscrevi para várias provas.

Hoje na terapia, pensando no estresse que vivi o ano todo e de todas as psicossomatizações que eu estou carregando, como estafa, cognitivo alterado, crocância nos ossos por conta de tensão, hipersensibilidade afetando minha dermatite atópica nos pés e nos braços, me lembrei de todas as provas que eu prestei, de áreas que não se comunicavam, como arquitetura, direito, veterinária e psicologia.

Durante as provas de direito, arquitetura e veterinária, eu tive a mesma sensação e me fiz o mesmo questionamento "O que eu estou fazendo aqui?"

Neste ano, eu tentei me convencer que eu trabalhava no melhor lugar, considerando a escola com um vasto espaço verde e algumas relações que valiam à pena conservar diariamente. Esse era o meu desejo mais profundo, porém eu tive que considerar minhas vivências, minhas emoções, a sensibilidade, toda a discriminação, assédio moral e preconceito que eu vivi nesse lugar. Foram dias e noites avaliando por qual escolha eu faria, pensando em tudo vivenciado, mas acima de tudo, por minha saúde física e integridade mental. Foi nessa trajetória que eu entendi que o melhor a fazer era sair dos 10 mil metros de área verde e trabalhar num lugar mais simples, com alguns pés de planta, numa área cimentada e perto de casa. 

Esses dias me apresentei no fórum como testemunha de um processo, saí de lá com incertezas e incômodos de estar num lugar frio, mas com a certeza que eu tenho o melhor emprego do mundo que é a Educação Infantil; ainda bem que eu não escolhi fazer direito. Não sei se eu teria coragem de ser veterinária e empata no mesmo espaço ou sofreria juntamente com tantos animais abandonados, sacrificados por famílias que não cuidam e pelos que são maltratados e sacrificados. Ou, então uma arquiteta, que faria casas bem fora do padrão.

Mas, voltando ao assunto, eu me inscrevi na transferência ou como chamamos "remoção" e hoje tive o resultado que eu e muitas pessoas a mim queridas, também conseguiram o que desejavam.

Nesse percurso, passamos pela vida de inúmeras pessoas, tocando nem ao menos sabendo como as tocamos, deixamos um pouco de nós e levamos um pouco dos outros. Aprendemos o que nos acrescenta e o que temos a convicção do que não queremos nem em pensamentos.

Nessa trajetória de saída, "eu tenho orgulho de mim e do meu trabalho", está em mim e em você, minha amiga para sempre. Está em mim e nos amigos que eu conquistei na minha passagem por aqui e ali.

Já vivi o luto pela escolha da mudança, vivi o luto no processo necessário de fechar um ciclo de 5 anos. 

Agora, o que vem nesse final de ano letivo, serão as lágrimas, os agradecimentos a tudo que aprendemos, à nossa amizade, às nossas construções pessoais e profissionais. Para este fim de ano, ficaremos mais sensíveis, dentro e fora da escola, até o chorar na cadeira do dentista vai fazer parte, não pela dor ou pelo desconforto, mas pelo emocional, do acolhimento, do abraço quentinho... As ausências que o cotidiano causam pela distância também vai fazer parte. Nos dias de hoje, a internet e a tecnologia nos faz ficar sempre próximas umas das outras, uns dos outros, permitindo que nossas memórias nunca morram.

Sobre minha saúde, está sendo cuidada por diferentes especialistas, vou ficar bem!

No final deste ano, antes do dia 31 de dezembro, vou ser sempre gratidão, por vocês fazerem parte dessa vida. Por quê? Simples! Eu trabalho no melhor lugar do mundo e tenho muito orgulho de ter tido você como parceira (usei sua frase por uma boa causa).

GRATIDÃO

A frase que sempre me fez refletir sobre qualquer coisa "O que eu estou fazendo aqui?" é o propulsor de um verbo de ação, "eu vou" e minha escolha, a sua e dos nossos amigos também é recíproca. Por que estivemos nesse lugar? Para criar vínculos porque a vida só é vivida e vale à pena viver quando criamos laços, conexões com outras vidas.

Este texto emocional com alguns termos técnicos. Um texto autoral, com sentido e significados. Hoje eu escritora, psicóloga, pedagoga e com alguns hobbies interessantes, fiz a leitura do texto antes de publicar.

Nota: Devo incomodar muita gente e não me importo de verdade, porque o incômodo nasce no outro e não em mim. Que ele seja sábio e sábia para conversar com seu inconsciente, perceber o que precisa se melhorar, desenvolver suas habilidades e competências que lhe faltam e quem sabe aprender a tratar pessoas de bem com integridade. Não adianta fazer o movimento de anular as qualidades para apontar os defeitos ou o que nos fere. A verdade é sempre bem-vinda e eu serei sempre grata.

A remoção me trouxe a sensação de liberdade e de livramento.

P/S: eu precisava escrever este texto para organizar minhas emoções e entender que o passo que nós demos foi o começo de uma nova história. Partimos do mesmo lugar com a nossa amizade preservada.







Imagem: acervo pessoal
Espaço externo do Museu das Culturas Indígenas SP
@museudasculturasindigenas
Imagem autorizada para publicação
Eu e minha amiga querida Giselle
2023


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