Aceitei um convite

 Em outro texto que escrevi, inclui o Renato como participação especial. Ele tem no whatsapp o grupo "Egrégora" e faz parte do Instituto Gratitude. Esses dias ele colocou uma mensagem no grupo do Whats convidando pessoas para fazer um depoimento com 5 minutos no dia 01/11.

Ontem, sábado, participei  do evento da Paróquia da Vila Jaguara, no intuito de acolhimento e divulgação da Ação de Saúde que acontece nos dias 4 e 5 de novembro. Em uma das conversas com pessoas que estavam na tenda com o mesmo propósito, eu fiz uma fala nada ética, colocando uma pessoa que tinha me procurado em destaque negativo, daí o meu auto julgamento me fez calar a boca, me senti envergonhada pela minha atitude e pensativa, porque eu penso que sou melhor com as palavras escritas e por assuntos dominados por mim.

Mas, voltando ao convite: eu fiz um rascunho colocando algumas conquistas e aprendizagens, mas incluindo parcelas de responsabilidades de pessoas que eu não quero enaltecer na minha fala, fiz testes da minha fala dentro do tempo que tenho para expor minhas vivências. Fiz e refiz várias vezes, até mesmo para eu incorporar minhas conquistas e tudo que eu venho adquirindo este ano de 2023; então resolvi escrevê-lo para ficar como reflexão e registro permanente deste momento reflexivo, em formato de carta para mim mesma.

São Paulo, 22 de outubro de 2023

Cara Zaira do futuro,

Hoje aceitei o convite do querido Renato para dar meu depoimento sobre meu ano de 2023. Escrevi esta carta para manter o registro permanente e para você saber o quanto conquistamos e evoluímos neste ano; foi muita evolução.

  • Comecei o ano me desafiando em águas abertas, fazendo minha primeira travessia à nado em Santa Catarina (não deixe ninguém dizer que você não é capaz);
  • Dei continuidade as aulas de moto que comecei em 2022, mas não finalizei por medo de não passar na prova;
  • Voltei a fazer lives no Instagram contando sobre o meu trabalho e dos meus amigos que visam qualidade de vida;
  • Criei o grupo terapêutico "Arte & Escrita Terapêutica" mostrando a psicologia por outra perspectiva;
  • Voltei a treinar depois de 6 anos, passei por diversos profissionais da saúde e estou enfrentando diagnósticos não tão favoráveis como degenerações como limitações físicas;
  • Escolhi sair do moto clube por divergências de concepções;
  • Venho enfrentando a mim mesma e aos meus auto julgamentos;
  • Invisto em mim, na minha espiritualidade, na saúde física e emocional, na busca pela simplicidade;
  • Venho resgatando a minha ancestralidade através das memórias gastronômicas;
  • Mudei meus hábitos alimentares buscando qualidade de vida;
  • Comemoro minhas conquistas e dos meus amigos. Sem eles somos individuais, com eles somos mais (Alphajor conquistou mais uma medalha de travessia 7 km em Ubatuba na data de hoje, estou orgulhosa por sua determinação);
  • Busco um caminho que nem eu sei como ele é, mas acredito que ele exista;
  • Venho buscando ser quem eu sou todos os dias, sendo constante na vida;
  • Percebo a necessidade de continuar estudando e me aperfeiçoando profissionalmente;
  • Entendi/aprendi que escolhas não são tão fáceis de fazer, de escolher, porém elas são necessárias para nossa evolução;
  • Aprendi que posso gostar de trabalhar num lugar imenso com 10 mil metros de área verde, com animais silvestres e aves diversas e gostar muito desse lugar, mas preciso buscar conviver com pessoas do bem em relações saudáveis.
  • Este ano reencontrei a Merikol (fiz lives com ela), conheci a Patrícia (Rainhas - deu nó  do bem no meu cérebro  - Networking);
  • Este ano, vivi profissionalmente num ambiente tóxico, com pessoas nada acolhedoras que me criticaram meu trabalho de construções de relações e afetuosidades;
  • Entendi que mudamos diariamente, buscamos o bem e nossas conquistas, mesmo quando tentamos salvar o que fizemos de bom naquele lugar, pensando em como deixamos o nosso legado e que ele fica quando fazemos o nosso melhor. (Nosso legado está em nós, no melhor do nosso trabalho e na construção das relações com as pessoas. Não temos ideia como tocamos cada ser e o que deixamos nas pessoas);
  • Mudamos diariamente e quando mudamos de espaço físico levamos as amizades conquistadas e deixamos um pouco de nós. Permanecer no mesmo lugar para crescer é bom quando vivemos relações saudáveis;
  • Mudança representa evolução;
  • Não posso ficar num lugar tóxico porque só posso ser e estar nas construções das relações saudáveis;
  • Sinto GRATIDÃO pelos desafios enfrentados, pelas escolhas, por aprendizagens, pelas dificuldades, lágrimas, dores, lutos, pelas conquistas, pela minha evolução, por toda ajuda que recebi e por todas que eu pude contribuir;
  • SOU GRATIDÃO;
  • Nunca abro mão de mim mesma!
  • A certeza de deixar meu legado em formato de sementes é por conta desse recado da espiritualidade:
"Esses dias, o aluno Heitor de 5 anos, se aproximou de uma saruê com filhotes em seu ninho, que em defesa por sua presença tão próxima, mostrou-lhe os dentes. Ele foi até mim, pegou na minha mão me convidando a ir com ele até o ninho. Chegando lá, a fêmea repetiu o ato e ele disse para mim que ela não sabia controlar a sua raiva. Eu, expliquei que animais não sentem raiva, eles tem essa atitude para se defender, porque ela não sabe se você vai fazer algo contra ela ou não e que nós é que precisamos aprender a controlar a nossa raiva para nos tornarmos melhores pessoas. Fiquei feliz pela atitude dele porque entendi que ele absorveu a frase e refletiu sobre ela diante de uma nova experiência.
E, também a conversa que uma cuidadora teve comigo no sábado do evento. Ela me perguntou o que eu estava fazendo naquele tenda e eu disse que estava como psicóloga fazendo o acolhimento das pessoas e divulgando o evento dos dias 4 e 5 de novembro. Então ela me contou que a criança que ela estava cuidando não sabia levar desaforos para casa, que por onde ela vai brincar, ela arruma briga. Eu perguntei sua idade e a mulher me disse que a menina tinha 3 anos e 6 meses. Eu disse que a criança é muito nova e que está aprendendo a lidar com esses conflitos. Ela disse que a menina não está aprendendo nada. E eu insisti, o que você está ensinando para ela? Não obtive sua resposta! 

Essa foi a certeza que eu estou fazendo o meu melhor, sem me responsabilizar pelas responsabilidades dos outros. deixando o meu legado e plantando minhas sementes. Não sei como ela entendeu o que conversamos, mas a pergunta pode ter provocado nela algumas reflexões ou não!

Zaira, eu tenho feito o meu melhor da forma como tenho evoluído, com afeto, acolhimento e entendimento. Tenho muitos ensinamentos para aprender e muitos para ensinar. Tenho desejos de alcançar algumas conquistas ainda não conquistadas nessa vida que a gente reconstrói na mão contrária da sociedade e da família. já que a vida não é linear e nem deve ser comparada com quem já conquistou tudo que acredita ter sido o seu melhor.

As vezes, me sinto perdida, fora da casinha, fazendo parte da minoria ou da maioria que não segue a convencionalidade social e cultural da minha geração e das anteriores a minha, ou seja, um peixe fora da água. Tenho medo de viver a mesma angústia da minha avó e bisavó, de não ter conquistado seus maiores desejos de vida, mas tenho fé que ainda vou conquistar meu lugar ao sol, sentindo o cheiro da chuva na terra molhada e o som do mar como meu quintal de casa.

Dizem que se você souber pedir e escrever seus desejos, eles se tornam reais. Na sexta-feira passada eu fui até a casa do "pai", fui atendida por alguém querido que me disse palavras sábias como "não queira a metade de nada, porque você é inteira, queira tudo inteiro, um trabalho, um amor, uma casa. Você não está aqui para ser humilhada e se está acontecendo isso é porque não está no lugar certo. Agora, aprenda a pedir o que mais deseja, não peça em não trabalhar com pessoas tóxicas, peça da forma correta, peça em viver e trabalhar com pessoas e relacionamentos saudáveis".

Eu saí de lá pensativa, mais do que estou ultimamente, silenciada para observar mais. Converso com quem eu tenho certeza que me respeita como eu sou e por aquilo que eu represento e sem julgamentos.
Não sei se ainda sei pedir alguma coisa melhor à vida e ao Universo, à Deus, à Oxalá.

Não sei se perdi o jeito de pedir alguma coisa, só sei que estou seguindo minhas concepções de vida e profissionais com a certeza que tenho muito à fazer e conquistar.

Para terminar essa nossa conversa vou te contar sobre um vídeo que Paulo Freire fala a jornalista sobre o perfil do professor e da professora da escola pública de qualidade: "Uma professora de uma escola séria, é séria. Segundo é uma professora competente e permanentemente envolvida na busca de ficar mais competente, é uma pessoa curiosa, justa, amorosa e não tem medo de expressar o que faz e que quer bem ao aluno, que expressa o seu amor, que procura, que pesquisa, uma pessoa viva, que não se satisfaz em parar, recusa o imobilismo, busca permanentemente e  que se fazer-se ela se faz e se refaz".
Este vídeo está no Instagram nesse perfil @escola.paulofreire

Eu sou grata por ser assim, me recuso ao imobilismo. Sempre vou buscar a mudança pelo bem.
Acervo Pessoal
São Thomé das Letras

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