A vida te pede coragem

setembro 08, 2023

Paguei essa viagem com antecedência, fui dura de grana, ajudei na gasolina do carro, mas fui na garupa de uma moto com um piloto "desconhecido" por mim. O que era para ser um passeio de 10 km até o posto mais próximo, foi uma viagem de 3 horas e meia, saindo de São Paulo da Fernão Dias até a cidade mineira de São Thomé das Letras. Há quem diga que a cidade que se vê gnomos e ETs, tem gente que prefere comer brisadeiro e "encher a cara" do que aproveitar a energia da espetacular cidade construída sobre as pedras energizantes.

Duas casas alugadas, vinte pessoas! A casa de cima (da rua de cima) e a casa de baixo (da rua de baixo) onde eu fiquei com algumas amigas e pessoas que vim conhecer pelos dias que estive em Minas.

Durante o passeio pela cidade tive um momento de dejavu dentro de uma loja umbadista e duas inspirações, sendo uma dentro da loja de produtos místicos e a outra junto com a moça artesã de semi jóias Rebecca Wenk (@rebecca_wenk) que vende acessórios; momentos que me emocionei com a representação do feminino numa peça linda banhada no ouro e na história compartilhada sobre um grupo de amigas que pagaram a viagem para outra amiga num rito de passagem, mulheres unidas que compreenderam a verdade do acolhimento e do empoderamento feminino.

Fomos para o 1º Motorock. No primeiro dia a banda era o próprio "embromeishom" inglês fake, o terror das cachoeiras mineiras. Cansada, com o corpo moído, mas feliz de ter andado de moto mais uma vez, a música ruim foi a azeitona da empada para eu voltar mais cedo para casa.

No segundo dia, fiz uma caminhada até a Cachoeira da Garganta, debaixo do sol escaldante, acompanhada de amigos que fiz na casa. Tinha levado roupa de banho, mas fui até lá embaixo (na cachoeira) de calça e camiseta preta ....... no SOL, morri...!! O que na ida era descida, na volta foi a escalada da vida com obstáculos...hahshahshah.. Na subida da cachoeira até o ponto principal, a porta de entrada, enfiei a cabeça no chuveiro para aliviar o calor, a água estava na temperatura da sensação térmica do sol à pico.

Nos dias que antecederam a viagem, eu tinha comentado com alguns alunos sobre ter balanços para adultos na escola que eu trabalho. No caminho da cachoeira tinham dois balanços, claro que fui experimentar trazendo minha criança arteira para 2023, caí do balanço...hahshahshah..

Naquela noite, no centro da cidade histórica à caminho do show, encontrei um querido amigo, um aperto de mão se transformou num abraço apertado e acolhedor.

E, falando em acolhimento, essa viagem foi acolhedora em muitos sentidos, em me permitir ser quem eu sou com toda a minha liberdade. Resgatei pessoas emocionalmente, fisicamente, psicologicamente sem ter que colocar minha psicologia no "bolso". Pude ficar no quarto que eu paguei para ficar, sem exclusões. Acolhi e fui acolhida na subjetividade de cada um. Foi uma viagem quentinha, nada de corações peludos; alguns bêbados com conversas de adolescentes....hahshahshah..

Rendeu descobertas sobre verdadeiras regras de motoclube e impressões externas sobre alguns seres que passaram pela minha história. Ainda tenho medo que fazer a prova de moto, porém nasceu em mim uma nova esperança, não só de terminar esse processo, mas quem sabe de ter um novo colete.

Voltei dessa viagem com a certeza de que estive por lugares diversos para aprender, conheci pessoas que me ensinaram muita coisa, mas principalmente que estarei constantemente em "busca de mim" persistindo em meus sonhos de conhecer o mundo sendo eu mesma, podendo "voar" sendo o que eu sou, afinal "entre o céu e o mar" existe inúmeras possibilidades em me conectar comigo mesma e transcender no caminho da vida.

Para este texto reflexivo e autoral quero agradecer por todos que passaram pelo meu caminho, as pessoas que conheci, as pessoas que reencontrei. Os ensinamentos que aprendi, as vozes que ouvi, as pessoas que me escutaram. Gratidão por minhas inspirações, pelo jardim da pousada que visitei, pela água gelada da cachoeira, pelas risadas, pelas lágrimas, pelas alegrias e tristezas que vi e percebi o quanto evolui com as minhas escolhas, seletividade e limites colocados onde me respeito. As limitações dos outros são de responsabilidade dos outros.

"A grande diferença é SER diferente"