Estrada

Era uma vez uma mulher que tinha de medo de moto por imposição de uma sociedade chamada família. Essa mulher cresceu, conheceu seu pretendente com quem namorou e andou de garupa na moto de um amigo que emprestou na noite que ele trabalhava na choperia; foi a primeira vez em uma moto, a muito tempo atrás. Essa mulher casou com esse homem e tiveram muitos carros, entre eles um maverick V4 1979 e finalizou essa relação com dois Subaru.

Essa mulher fez uma escolha para vida, o divórcio. Ela escolheu o fim de um ciclo sem evolução, para que ela pudesse evoluir ou seja, colocar quantas fichas ela quisesse em outras áreas de sua vida.

Essa mesma mulher que se divorciou fechando um ciclo de "horrores", tomou a coragem e conheceu um outro homem com quem viveu poucos momentos intensos, como se a vida fosse terminar naquele instante, mas num período de quatro meses de vida quase própria e 10 meses de profunda solidão, ela descobriu que ele mentia para ela e tudo terminou na mais sensata paz interior.

Foram dez meses sombrios sem notícias dele, mas de intensas descobertas internas por intermédio da psicoterapia que a fez ressurgir do limbo.

Entendendo que o amor próprio vem antes de qualquer amor, essa mulher foi vivendo a casa, suas descobertas de si mesma, aprofundando a amizade com outras pessoas, entrando em grupos de escritores amadores, participando de concursos literários, escrevendo livros físicos e digitais e construindo outros universos que pudessem servir de inspiração para outras pessoas.

Nesse processo, essa mulher começou a investir em aprofundar amizades já conquistadas e dessa parceria nasceram os eventos que ela participava, e daí por diante um mundo de possibilidades se abriu à sua frente como se estivesse contemplando o por-do-sol no horizonte inteiro.

Ela entendeu que suas fichas podiam ser colocadas onde ela quisesse, fosse no âmbito profissional, social, de amizade, familiar ao mesmo tempo e na intensidade que desejasse.

Começou a "andar" com essa amiga, ir a esses eventos onde sempre foi bem recebida, viveu o conforto e o desconforto nas sensações, as regras, a ética, a crença, a cultura dos outros espaços e pessoas. Além disso, colocou seus desejos esquecidos e adormecidos em primeiro lugar.

Começou a organizar a casa, se permitindo conhecer pessoas, homens e mulheres, porque em toda regra tem suas exceções. Partiu para a frente do campo, vivendo e mediando as expectativas das realidades.

Em 1994, quando escolheu casar, perdeu um grande amigo, o Silvio que não soube perder a amiga para um desconhecido, mas essa perda foi dele e não dela.

Essa história veio à lembrança quando essa mulher começou a investir numa amizade e o medo vivido veio à tona nessa nova relação que vem sendo construída.

Essa mulher entendeu que existem relações diferentes e que precisam ser separadas, assim como separamos trabalho de grupos de amigos, de eventos de casamento de amigos e de eventos com outras finalidades.

A escolha precisa de calma onde podemos escolher quem podemos conquistar como amigos ou como amantes, podemos escolher quem vai entrar em nossa casa e em nosso coração, quem vai se sentar no sofá para um filme com pipoca ou um churrasco na varanda de casa.

Podemos escolher e investir quantas "fichas" queremos em diferentes relações que estivermos dispostos à viver.

Essa mulher entendeu que ela pode abrir e fechar relações, entrar e sair quando ela se sentir disposta a investir naquilo ou em outros "aquilos" que ela escolher em seus momentos.

Os processos das "coisas" que investimos vai muito além das crenças limitantes, das escolhas estagnantes, das imposições sociais, das regras e culturas dos outros (regras servem para organizar o caos e devem ser respeitadas quando se está nele).

Essa mulher quer conquistar o além de si mesma, desafiando-se como sair da garupa que um dia ocupou e pilotar sua vida como deseja tanto e vem fazendo a algum tempo sem perceber e hoje consciente de suas capacidades. Ela quer conquistar o seu mundo interior, fazendo ações externas que a lance além de seus muros.

Essa mulher entendeu nesse processo que a estrada tem curvas e que nem tudo é imposto sem flexibilização, que o corpo precisa estar em movimento mesmo pilotando sua vida e que a estrada tem oportunidades que precisam ser oportunizadas.

Sobre o futuro não sofra por antecipação, ninguém tem esse controle, o que te pertence são os seus sonhos, desejos, projetos, suas ações no aqui e no agora.

Simplesmente viva da forma mais leve possível, conforme nossas escolhas serão feitas, o Universo trata de criar uma rede de oportunidades. Invista em relações sejam quais forem e que te façam feliz.


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