Entre rosas e furacões

 Não são apenas espinhos porque esses tiramos e curamos as feridas, mas um furacão é a tempestade que não depende de escolha e vontade. Quando estamos no olho do furacão, o jeito é se agarrar a qualquer coisa que seja firme e forte, para ser capaz de te proteger. Seja lei ou direito, se preserve e se proteja de qualquer porco que tenha ganhado pérolas. Não grite, mas não se cale, apenas continue caminhando, só que agora com mais precauções. Mesmo que se sinta caminhando num jogo de percurso, quando o dado te faz voltar 10 casas; volte e percorra tudo de novo com a mais alta convicção que você está no caminho do bem, fazendo o bem e que Ele mora dentro de ti.

Não deixe que o medo de caminhar te paralise e nem te limite, mas que te mova cada vez mais, assim como o vento que levo o barco à vela à frente. Mantenha-se determinado, corajoso, capaz de ressignificar seus instantes mais dolorosos. Seja por mar, por ar ou por terra, mantenha-se em movimento constante e com fé que tudo vai dar certo.

Essas pedras no caminho não é para te tirar do caminho, mas para te ensinar a ter um olhar criterioso, astuto e experiente. Para te lembrar que em todo caminho existem pessoas novas e velhas que não sabem olhar a vida como você.

São como as pessoas que você encontra no balcão da padaria toda manhã, dentro do mesmo ônibus todo dia, e que você nunca disse um "bom dia". Como nos filmes que os mesmos dias se repetem diversas vezes para te dar a chance de fazer de novo até a perfeição? Acontece que a vida não é assim, mas ela repete os mesmos ciclos para algum detalhe te fazer aprender com aquelas experiências.

Flores tem perfume, a maciez, a cor, a beleza, já os furacões tem movimento, mudança, o caos que de vez em quando precisamos para colocar a ordem, mais uma vez trazendo a sensação de ter que enfrentar o feio juntamente com o doloroso; àquele que te assusta porque é agressivo.

Como é difícil enfrentar a dor, o medo da gente e mais difícil enfrentar a dor e agressão que vem do outro. Não é nada confortável e muito menos prazeroso. Queremos o belo, o perfumado, o arrumado, o politicamente correto.

Nem todo mundo é assim. Nada é sempre ordem. Nada é sempre belo. Não é permanente, tudo é provisório.

Mas quando o medo se instala nem sempre nos move, podendo nos paralisar e nos cegar. E o que fazer com tudo isso que nos consome?

Se somos gente como a gente, se nos vemos como caveiras por sermos iguais, então por que tão complicado é a vida? Onde estão nossas escolhas de fazermos diferente e de encontrarmos a tão procurada felicidade? Seria uma procura ou uma busca interior? Talvez o que desejamos esteja dentro de nós, na simplicidade de cada ato do teatro da nossa vida. Sim, na simplicidade de sermos quem somos, na versão mais atualizada e limpa, de ter o que precisamos para viver o "fim" da vida ou que ainda resta dela, com dignidade, e ainda no movimento constante de apreciar a paisagem na viagem e de repente encontrar o que tanto queremos.

Ah, o que são as flores para quem tem os furacões? Cada botão em flor daria um toque de beleza e leveza à bonança quando o caos estiver ali na sua frente e você precisar colocar a ordem mais uma vez. Que comece em varrer a casa, recolher os cacos, colar o que se deseja que fique como lembrança e jogue fora o que não será reutilizado. Bata as cortinas, abra as janelas e ventile a casa. Borrife uma fragrância aromática nesse espaço e acenda uma vela perfumada. Estenda a melhor roupa de cama, escolha as toalhas que nunca foram usadas, prepare uma comida afetiva. Sinta os raios de sol, abra uma garrafa de vinho e compartilhe seus momentos com a pessoa que está presente em sua vida. Viva seus momentos, afinal o que temos é o hoje e o agora.

O resto, que se foda, queremos ser felizes!!

Imagem: acervo pessoal

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