Uma mesa...


O que uma mesa representa, ela pensou naquela manhã, juntar pessoas quando estamos na pandemia, abrir espaço quando ela é grande para a sala, doar quando não faz mais sentido tê-la em casa.

Naquela manhã de domingo, levantou da cama disposta a limpar a casa, não somente com vassoura e panos, mas a caixa de ferramentas, pincel, bucha, água sanitária, tinta e máscara, acompanharam ao banheiro para limpar e pintar o teto tão mofado e embolorado, que para eles não tinha espaço para estar.

Visando a saúde respiratória era preciso exterminar alguns focos de mofo. A mesa continuava em seus pensamentos e olhar focado; ela seria a próxima a sofrer alterações.

Não tinha mais motivos para ficar com aquela mesa, precisava de espaços e novos significados. A mesa representava velhos tempos mortos, aquilo que não tinha como permanecer. 

Não queria se lembrar do que tinha vivido, com quem e a tudo que se lembrava da época, como aquela mesa.

Queria um abraço quente e confortável, quem sabe de um urso velho, comer comida vegana preparada com carinho, se sentir pertencente a quem fizesse com ela planos para vida, mesmo que num amor maduro, ele durasse um dia, duas semanas, dez anos; que fosse intenso e verdadeiro.

Abrir espaços na vida, era como abrir espaços na vida. Tirar coisas de um tempo passado não tão distante assim, para abrir para novos truques, novos relacionamentos, novas experiências, num tempo novo da vida madura.

A mesa agora ia servir outras famílias, para ela, uma mesa viking com banco e cadeiras, para uma refeição que a fizesse sentir-se viva, numa vida de novos começos, para que o mundo a conhecesse e que ela o conhecesse mais e mais.

Então pensou assim: para que querer uma mesa se poderia ter o mundo...

Texto autoral de Zaira K. Fabre


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