Mulheres
Mulheres
Antes
da pandemia, nossa rotina acelerada funcionava como um escape, podendo ser
positivo ou negativo, dependendo dos ambientes e das relações que vivemos. Com
a pandemia, tivemos que nos recolher e olhar para nós com muita propriedade,
além do que, enfrentar as realidades da vida, tendo que organizar tudo dentro
de casa. Socialmente, nós mulheres
acumulamos tarefas, funções e responsabilidades e isso faz com que tenhamos um
estresse maior do que o normal. É nesse panorama, que chamo você a olhar sobre
“Mulheres, quem somos?”.
Enxergo as mulheres trans, lésbicas, bissexuais, indígenas, negras, brancas, deficientes, da terceira idade. Mulheres obesas, jovens, mulheres de todas as idades, dentro de suas casas com os agressores, sofrendo abusos e violência doméstica. Mulheres grisalhas, múltiplas e diversas, nesta pandemia sem fim.
Mulheres
que trabalham fora, mesmo na pandemia, arriscando-se diariamente na ida e na
volta, nos transportes públicos lotados, com medo de levar a doença para dentro
de casa. Sem falar das mulheres que desde o início da pandemia, estão na linha
de frente, exaustas, trabalhando nos hospitais e unidades básicas de saúde,
perdendo vidas a todos os instantes.
Vemos mulheres fazendo história na política, na sociedade, na saúde, na educação. Procuramos mulheres em grandes feitos, e nós? Quem somos nós, mulheres? Somos mulheres escrevendo, diariamente, nossas histórias. Somos mulheres frágeis e fortes, num mesmo corpo, nos tornando referências para outras mulheres de todas as idades. E quanto mais nos empoderamos de conhecimento, de verdade, de alegrias, de vitórias, de conquistas, de amor-próprio e de “nãos”, nossa história fortalece outras mulheres. Quanto mais maturidade, menos distâncias têm umas das outras. Com a maturidade deixamos de ver as mulheres como rivais e nos tornamos mais empáticas com as suas dores e lutas.
Somos mulheres vencendo diariamente uma opressão social, conquistando nossos espaços, podendo estar e ser quem queremos ser. Somos mulheres acumulando funções e papéis sociais. Somos mulheres conquistando o corpo e a beleza sem padrão. Somos mulheres deixando nossos grisalhos descompromissados e vestindo o que desejamos. Somos mulheres num país machista e misógino, onde o sistema protege e justifica, enquanto mulheres buscam por seus direitos, onde são taxadas de desequilibradas, exageradas, mal-amadas, vingativas, interesseiras.
E
essa beleza que não é a ideal, somos mulheres com celulite, estrias ou músculos
definidos. Mulheres baixas, altas, medianas e anãs. Gordas e magras, sem
conceito de si mesmas, com receios e medos de quem querem ser, seja na
pandemia, sejam na “normalidade” dos nossos dias. Somos mulheres subjetivas,
singular ou plural. Estamos evoluindo, mas temos pressa em estar com pessoas
melhores num mundo evoluído. Somos mulheres na luta e na resistência!
Mulher, como você
se vê e que lugares você ocupa? Como você se compreende como mulher?
Zaira K. Fabre
Imagem baixada gratuitamente pixabay
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