Respeito à Educação e profissionais

 "Enquanto eu luto, sou movido pela esperança: E se eu lutar com esperança, posso esperançar." Paulo Freire



Sabemos que as crianças precisam vivenciar os espaços da escola, assim como socializar com outras crianças e adultos, porém, o momento não é confortável e nem seguro para nenhum de nós. Todos os dias temos notícias do aumento de crianças contaminadas, jovens, adultos e idosos morrendo, pela contaminação e pela falta de leitos em U.T.I.s.


Desde o retorno às aulas presenciais, a escola tomou todos os cuidados de higiene e desinfecção dos ambientes, brinquedos, kits individuais, limitando a utilização dos espaços coletivos como os brinquedos dos parques, de acordo com o protocolo de retorno às aulas, deixando “a escola do não” preparada para receber profissionais e crianças.


Pudemos avaliar nesta semana que mesmo com todos os cuidados diários, rodízio de turmas no refeitório, escalonamento de entrada e saída, higienização e desinfecção, ainda assim não estamos seguros no ambiente da escola, porque pessoas estão circulando a todo momento, de suas casas para escola e vice-versa. Uma semana de aula presencial causou casos confirmados e suspeitas em profissionais e em crianças.


Não somos só nós que estamos em circulação pela cidade, mas a grande maioria da população e nem todos seguem os protocolos como o uso da máscara adequada cobrindo o nariz e a boca. Nesta pandemia, o cuidado de um protege o outro. Quando um adulto não se cuida, põe em risco a vida de todos. Da mesma forma que não temos como garantir que os protocolos sejam respeitados no transporte público, no distanciamento social fora da escola, na proteção individual com o uso dos equipamentos e isso agrava os casos de contaminação e o aumento das mortes.


Temos que considerar que em 2020 ficamos trabalhando remotamente por 10 meses, postando material para que crianças e famílias pudessem participar ativamente, dos momentos que a criança vivencia na escola, para que pudesse estar cercado de cuidados e atividades do pedagógico, com o mínimo de danos possíveis, pensados pela equipe da escola. Agora, em 2021, além da tentativa do ensino presencial, continuamos as postagens no Google Sala de Aula, para que todas as crianças matriculadas na E.M.E.I. possam acompanhar e interagir.


Temos clareza da situação econômica do país, da comunidade que atendemos, das dificuldades econômicas e psicológicas que estamos enfrentando, porém  se o governo se preocupa com medidas parcialmente preventivas, mantendo o funcionamento das escolas e a circulação de pessoas, ele não está tão preocupado em construir barreiras de proteção no que diz respeito à nós; no fechamento das escolas. Portanto, nós profissionais da educação juntamente com vocês famílias precisamos nos unir também neste momento que estamos vivendo, em luta à preservação da vida.


Queremos voltar às escolas e com aulas presenciais quando todos nós estivermos SEGUROS e para isso é necessário a imunização através da VACINAÇÃO para os profissionais da educação (professores, gestores, quadro de apoio, agente de apoio, auxiliares técnico de educação (A.T.E.), agente escolar e funcionários terceirizados), além das crianças que é o nosso bem maior.


Acreditamos numa educação segura, onde a criança pode se desenvolver com autonomia, compartilhar com seus colegas, suas descobertas e aprendizagens. Ficamos satisfeitas quando nossas crianças compartilham emoções, afetos, podendo ser criança. Na expressividade e na integralidade,  justamente nas relações que se constrói diariamente. Mas quando voltamos ao presencial, tivemos que deixar de lado tudo que acreditamos, todas as nossas concepções de infância e o fazer pedagógico que lutamos tanto em conquistar por esses anos de estudo permanente.


Nesse momento, com São Paulo na fase vermelha, precisamos pensar que perder nossos colegas e nossas crianças, para o vírus é inadmissível.


Nossa luta é por um mundo seguro, mais justo onde a infância possa ser vivida de verdade porque as Vidas Importam, tanto as nossas e as suas!


Estamos ao lado de vocês (famílias) enfrentando a mesma batalha contra o invisível e juntos estamos nos reinventando a cada dia, para superar as dificuldades sociais e emocionais que estão causando em nós. Precisamos uns dos outros, juntos numa força maior vamos vencer o que abala o mundo inteiro.

*

Nota Complementar

Desde muitos anos escolhi ser professora, quando ouvia de muitas pessoas, que eu ia ser pobre por trabalhar com a educação. Como a vida é feita de escolhas, ser profissional da educação foi uma das inúmeras escolhas que fiz por mim.

Tenho ouvido também algo que desrespeita o meu trabalho e de toda a categoria de profissionais da educação, uma crítica equivocada que desmerece todo o esforço daquele que é um profissional, que estuda permanentemente, que não é pobre porque tem cultura, tem visão de mundo.

O pobre tão invisível pela sociedade é aquele que sobrevive em condições desumanas, que fica perambulando pelos semáforos da cidade grande pedindo comida. Invisíveis pela grande parte da população brasileira, que lamenta pelo preço da gasolina deitado no sofá de sua casa, com um teto sobre suas cabeças.

O profissional da educação apresenta para seus bebês, crianças, jovens e adultos que voltam à escola depois de anos de exclusão social, aprendizagem e não é só  ler e a escrever. Nós profissionais da educação conseguimos traduzir dor em oportunidade, acolhendo pessoas a tornarem-se dignas de si mesmas, podendo perceber suas qualidades individuais.

Diariamente nos propomos a ensinar a se tornar uma pessoa capacitada, desenvolvendo suas habilidades, tendo empatia com as dificuldades de cada criança que atendemos, de cada aluno matriculado nas escolas públicas e do ensino privado, das nossas cidades.

Essa cultura da desvalorização do profissional da educação é descabível, uma prática desrespeitosa que vem na tentativa de desvalorizar. Contribuímos diariamente na mudança da vida e dos comportamentos, oportunizando a criança a sonhar que ela pode ser melhor e conquistar o que muito deseja por seus próprios esforços. Ou você que tanto fala mal dos professores, quer que seus filhos consigam as coisas da forma mais fácil?

Professores e professoras são PROFISSIONAIS da EDUCAÇÃO e merecem todo o RESPEITO.

MUDE SUA CULTURA, VALORIZE O PROFISSIONAL QUE ENSINA SUAS CRIANÇAS.




CONTEÚDO AUTORAL
ZAIRA K. FABRE


Imagem baixada gratuitamente pixabay


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