Um Relato anônimo

Domingo, 21 de fevereiro de 2021 chegava em meu celular uma mensagem de socorro. Perguntei o seu nome, mas a pessoa que me mandava mensagens não queria se identificar. Perguntou se podia conversar e se eu podia "ouvir"; eu disse sim mesmo sem saber quem era e do que se tratava. Ela contou muitas coisas, eu em silêncio, recolhida em meus pensamentos, sem julgamentos, ouvindo tudo que ela trazia para mim; uma estranha.

A Autora

"Oi, boa noite! Eu sei que não me conhece e não vou falar o meu nome! Mas eu sei que você pode me ajudar, eu sei disso! Eu preciso desabafar, conversar! Eu tenho 32 anos, moro no interior de São Paulo, hoje estou muito triste com pensamentos feios. Tô pensando como me matar. Eu não sou uma pessoa suicida, mas eu tô tão triste, mas tão triste que não quero mais viver. Nunca tentei me matar e sou uma pessoa do bem [...] não tenho filhos, mas sou casada...[choro] Descobri que a pessoa com quem me relaciono foi desleal comigo e isso deixou meu coração negro de dor.

Eu senti ciúme de tudo que vem acontecendo, eu senti dor, eu tive medo, eu senti inveja, eu não quero mais viver, não tenho motivos para ficar aqui, eu quero ir embora [...]

Embora desse lugar, dessa terra. Não quero mais existir [choro]. Quem eu amei não me ama, escolheu ficar com outra pessoa [...] Eu tenho um trabalho sim, mas que ultimamente não tenho vontade de ir porque quando eu falo sou mal interpretada, não gosto de me sentir exposta, mas os meus chefes fazem questão de fazer isso comigo sempre que estão todos os funcionários reunidos.

Hoje nem sei mais se sou uma profissional competente, não sei mais, tenho dúvidas [choro].

Sou uma pessoa comunicativa, tenho amigos, mas não tenho certeza se eles me querem bem, hoje não tenho certeza de mais nada [...] Já tive depressão sim, mas nunca nesse nível de querer tirar a minha vida [choro e gritos], o que está acontecendo comigo??

Estudei muito para chegar aonde estou, amei muito e me machuquei muito. [um momento de silêncio, com a minha pergunta se estava ali comigo] [...] Sim estou aqui olhando para tudo isso que construí e sem a paz e o amor que tanto desejei na vida. Como as pessoas podem ser tão hostis assim?

Por que não foi honesto? Quer e não quer! Que fosse verdadeiro e falasse logo que não queria mais, mas na minha casa, na nossa cama!

Pedi para pessoa se acalmar, conversei bastante tanto pelo lado da psicologia quanto da espiritualidade, indiquei alguns profissionais da saúde (psicólogos). Depois de uma longa conversa por mensagens e áudios, ela me disse o nome, me passou um contato de uma pessoa da família com quem ela me permitiu conversar. 

Minhas impressões: nunca é fácil, mesmo para uma psicóloga, atender um caso como esse. Ainda mais quando não sabemos quem é a pessoa e como ela entrou em contato comigo, como ela tinha meu celular. Pela espiritualidade, não acredito no acaso e nem mesmo pela psicologia penso eu.

Conhecemos pessoas e nos conectamos a elas por energias. Hoje eu não pergunto mais porque isso acontece comigo, simplesmente acontece.



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O Turismo e a Claudinha

Autora

Vila das Borboletas