Sem palavras

Sempre achei esse termo estranho. Sem palavras para descrever o quê? Achava estranho quando as pessoas diziam "não tenho palavras para descrever" um agradecimento, uma forma de expressar-se, mas hoje me vejo sem saber o que dizer, sem palavras para descrever o que eu sinto, talvez com o decorrer do texto, encontro me sinto hoje e neste exato momento.

Passaram 4 semanas desde o dia que a ventania entrou em minha casa, arrancando telhas, árvores. Fez um rombo no telhado do quarto, deixando exposto tudo que eu tinha de mais íntimo. Me fez olhar para dentro e para fora, tive que perceber o que tinha que ser feito de mais urgente. Desestabilizou todos os meus planos e projetos que vinham acontecendo desde 2020, época que recomecei a me construir como mulher.

Nesse processo, transformei dores e sofrimentos em produtividade. Precisei olhar para todas as minhas feridas, das maiores para as menores, daquelas que precisavam de curativos, medicamentos e mudanças de atitudes. E por mais que mudamos as formas de cuidar de nós, sempre fica algum detalhe para trás; e ficou.

Esses últimos dias, precisei mergulhar profundamente para entender mecanismos de defesa, meus e dos outros que me afetavam como uma faca rasgando a carne. Conversei sobre isso com amigos e ouvi análises de homens e de mulheres terapeutas e assim, levei para minhas acolhidas silenciosas.

E depois de muita energia gasta em entender o que não estava nos trilhos, pude perceber que mesmo eu estando no caminho certo, na rota certa, o que eu tinha que mudar era a posição da bússola para o norte, ponto de partida.

Nem todo mundo está pronto no seu tempo para começar algo com você, essa jornada é sua e não do outro. Temos que estar no nosso caminho, superando expectativas e desafios internos para a construção de um novo telhado. E quando enfrentamos esses desafios internos, falamos para vida que estamos prontos para novos desafios, porém agora os mais leves porque os pesados foram superados.

O que muda é a forma de ver a vida, com mais propriedade e com mais amor. Porque não podemos enfrentar quem não se ama, quem não se acolhe e quem não está pronto para estar na sua vida como prioridade em ser alguém importante para si e para o outro.

A vida começa quando temos amor-próprio e conseguimos ver a responsabilidade que temos na nossa vida e  do outro, como a responsabilidade afetiva, por exemplo.

Quando entendemos que precisamos prosseguir ajeitando a rota e a bússola, entendemos que é hora de partir para novas aventuras. E isso não significa fechar as portas para os amigos que não estão prontos. Não! Isso significa que você está pronto para continuar. É chegada a hora de consertar o telhado e partir. Porque nesse momento você conseguiu olhar para dentro e olhar para fora e mudar padrões pré-estabelecidos que até então não eram percebidos?



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