Vai acender ou permanecer no escuro
Mesmo quando tudo parece desmoronar, quando as reações dos terceiros vem de resposta para nossas ações (o que eu tô falando, parecia um bom título e um tema a ser desenvolvido; estou confusa), vou começar do começo.
Estamos, na maioria das vezes e com a maioria das pessoas, acreditar que o uso da palavra culpa seja melhor que o uso da palavra responsabilidade. Causam impressões diferentes quando utilizamos as duas formas de expressão. Quando eu digo "a culpa é sua" eu coloco no outro toda a responsabilidade mesmo que seja do outro, mas me eximo dela. Quando eu digo "é a sua responsabilidade" continua sendo do outro mas com um tom de maturidade, mesmo que seja minha e não do outro.
Costumo dizer que esses dois conceitos mudam as figuras de posição. Imagine uma sala com uma janela e uma porta, um banquinho e você sentado nele no meio da sala. Não tem barulho, apenas o silêncio do vazio. Não tem vento, não está calor e nem frio. Existe você, a sala e o banquinho. Sente-se no banco e sinto as primeiras sensações que ele produz em você. escolha um dos lados da sala e observe toda a parede, do teto ao chão e quando seus olhos olharem tudo que aquela parede pode te mostrar, vire-se no banco e olhe para o outro lado e faça isso nas quatro paredes. Quando tiver feito esse exercício deite-se no chão, no mesmo lugar que o banquinho esteve e olhe para o teto em direção as paredes fazendo com que você se perceba neste espaço, não apenas observando o espaço mas suas sensações e sentimentos neste espaço, causando ou não lembranças e para quais lados e quais lembranças.
Quero que neste exercício você se perceba pertencente ou não daquele lugar, um espaço vazio ou um espaço seu onde suas ações o tornam responsáveis por suas atitudes.
O fato de você estar nesta sala mostra que não é o outro e sim você neste exercício, tomando consciência de quem é você neste ambiente, o que te traz de positivo e de negativo, em lembranças e sensações.
Vamos pensar juntos o que uma experiência causa em nós? Em cada um sensações e lembranças vividas, que podem nos ajudar a entender processos vividos bons e ruins, que nos levam a tomar decisões positivas e negativas, que nos paralisam ou nos move.
Podemos sentir sensações de medo em diferentes momentos da vida e que nos traz lembranças ruins que nos paralisam. Podemos sentir sensações de medo que nos traz lembranças ruins, mas com consciência de quem somos no presente, faz com que nos movimente para novas mudanças, para experiências diferentes, mesmo com medo que é normal sentir, que nos leve a outro patamar quando unimos com a experiência de quem nos tornamos.
Em 2020 escrevi um livro digital interativo com o leitor sobre caminhos que podemos trilhar para amenizar os efeitos das crises de ansiedade. Também vivo momentos de ansiedade, mas menos intensos e mais conscientes processos internos.
Quando nos tornamos mais conscientes em nós mesmos, conseguimos viver o aqui e o agora ou seja, vivemos o presente e nos presenteamos nas pequenas conquistas do dia a dia. A ansiedade não é só viver um futuro no presente, momentos desconhecidos, mas a ansiedade é uma junção do medo do desconhecido com a sensação de não controlar os momentos e a falta da consciência dos nossos processos emocionais.
Quero dizer sobre uma experiência sobre desamor, por exemplo, quando em algum momento a relação não deu mais certo, passamos a nos machucar mais e não tolerar os defeitos do outro e os nossos defeitos no outro e na relação. Passamos a culpar o outro pelo fracasso e não admitir que também somos responsáveis pelo fim de uma relação que não depende apenas e exclusivamente de um e sim dos dois.
Quando isso acontece costumamos colocar no outro todas as responsabilidades, porém somos responsáveis por nossas ações e o outro é responsável pelas ações dele, deixa de ser uma simbiose e tornamos duas pessoas individuais.
Nessa perspectiva nossas experiências ficam armazenadas num lugar secreto, nosso, só que a qualquer momento de vida, um gatilho é acionado trazendo as emoções. A forma como lidamos com ela faz toda a diferença nos nossos passos, tornando-nos mais responsáveis por nós mesmos. É essa consciência que temos que ter de nós e dos nossos processos emocionais para que não façamos de nós um inimigo pessoal para nós mesmos, autossabotando por exemplo, alimentando medos em escolher nossos próximos passos, criando medos maiores do que não existem, tendo crises de ansiedade por medo de viver o amanhã ou entrando em depressão por escolhas que fizemos no passado.
Hoje somos quem somos por nossas escolhas do passado, porque naquela época escolhemos o que achamos que era o melhor, no passado fomos a nossa melhor versão de nós mesmos na época que vivemos. E as experiências vividas nos dá base e nos traz reflexões para novas escolhas e novas conquistas.
Sentir medo é natural e necessário para que possamos fazer novas escolhas na nossa versão do presente, aparar as arestas do passado, planejar a trilha do presente e enfrentar os desafios que sempre irão aparecer. Se a estrada fosse reta em que sentido iríamos nos fortalecer e evoluir? Se o mar fosse calmo seríamos capazes de nos tornarmos novas versões de nós mesmos?
Seja por terra, por mar e por ar, precisamos nos tornar conscientes de nós na nossa própria jornada e vencer desafios externos e internos que são individuais e intransferíveis.
Quando chega no final do ano, que vamos fechar ciclos da vida e do ano, fazemos projetos e levantamento de metas (movimento saudável), mas temos que ter a clareza que o caminho não é linear e que nesse caminho, tudo que pedimos somos atendidos mesmo quando não entendemos porque este ou aquele problema aparece na nossa vida. Ex: quero terminar a reforma da minha casa, a vida entendeu. Me mandou baratas de um buraco no solo para eu resolver. Não posso fazer o contrapiso todo mas pude fazer um pedaço que resolve parcialmente o que pretendo fazer daqui por diante. Apreciar as pequenas conquistas te dá ânimo para as maiores. É um gasto de energia direcionado para a produtividade, para a criação, para a resolução de problemas.
Na maioria das vezes sabemos que temos desafios externos (reforma da casa) e para a realização: juntamos dinheiro para comprar material e pagar a mão de obra e o serviço fica pronto. Mas o que podemos fazer quando temos que vencer nossos próprios defeitos? Ex: sou orgulhosa! O que posso fazer para vencer meu orgulho? Admitir e tentar mudar para viver mais feliz ou reclamar que a culpa do fim do relacionamento é do outro porque eu sou orgulhosa?
Por todos esses exemplos não somos culpados e sim responsáveis por sermos quem somos, por fazer as escolhas que fazemos, pelos erros cometidos na relação. Imperfeições todos nós temos, erros todos nós cometemos e que bom é assim. Perdoe-se e faça melhores escolhas quando tiver consciência de que precisa melhorar e que pode fazer diferente.
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