É nataaaaall!!

Não!! A escritora não ficou maluca, não é natal porque hoje não é dia 24, mas nem estou abrindo as portinhas porque nem todos são católicos para "brincar" com o calendário do advento, então farei uma colocação pessoal de forma a respeitar a crença de cada um de vocês acolhendo a todas as pessoas que leem minha publicações sem ser excludente por causa de religiões. 

Eu gosto do natal mesmo tendo vivido situações tristes, perdas, ausências, frustrações e fazendo abstenções durante um tempo da vida. Acho o natal um momento mágico, de acolhimento fraternal, mesmo que passado com pessoas estranhas num hotel ou num avião.

Certa vez, viajei dia 24 de avião para o Uruguai, dividi um taxi com mais duas pessoas desconhecidas, comi pizza não tão gostosa em Belém do Pará porque nesse dia era  único restaurante que estava com as portas abertas.

Nesses dias de natal, para quem fica sozinho, é bom pensar em atividades que a escolha seja fora de suas casas também. Visitar casas e prédios enfeitados para o natal é uma boa escolha. Comer um salgado na padaria, assistir um filme na TV comendo pipoca ou uma fatia de panetone. Mas vou deixar essas lembranças mais para perto do natal.

Para hoje vou lembrar sobre a delícia de arrumar a casa com um gato velhinho e uma cachorra bebê. Pensa na delícia de pendurar a árvore para o natal no teto da sua sala ou colocar numa mesa alta, amarrando todas as bolinhas de forma que nem o pinheirinho nem os enfeites caiam com as unhas e os pulos do seu gatinho.

Imagina na novidade do natal para a sua cachorrinha com todas aquelas bolas coloridas e as luzinhas piscando e ela sentada olhando como se estivesse vendo os franginhos girarem na grelha enquanto assa.

Mais gostoso ainda é fazer planos com o seu décimo terceiro que ainda não chegou na sua conta. Ou olhar para aquela viagem programada e paga que você e sua família planejou por meses sabendo que não tem certeza que a fará porque o covid ainda não foi resolvido por falta de vacina.

São muitas emoções não é mesmo?? As incertezas da vida sempre vão ter com covid ou sem covid, então viva intensamente. Ah leitor!! Eu vou cansar você com essa "intensidade", mas fazer o que se a escritora é intensa no que faz. Se eu te contar que gosto de gasparzinho mas prefiro quem gosta de mim, que gosto de incertezas preferindo as listas completas e não as quase terminadas. Quem não gosta de programar, planejar? Mas nem todos estão preparados para mudar as rotas, viajar num veleiro, se arriscar nas montanhas rochosas, mergulhar em águas nem tão quentinhas.

Eu gosto do natal como algo que eu posso programar e planejar assim como arrumar a casa para receber até o perfume mais silvestre dos pinheirinhos, as bolas coloridas, as luzinhas. Mas gosto do que é simples, gosto de uma conversa boa, uma fatia de pão, o perfume gostoso e da boa companhia.

O natal traz isso também, pessoas para conversar, sentar junto e jogar conversa fora, rir de qualquer coisa, beber e beijar.

Eu amo conhecer pessoas e mesmo no silêncio sentir o vento do alto de qualquer lugar que seja gostoso de ficar. Olhar a noite estrelada, ouvir o cheiro do mato, ouvindo o mar e a chuva caindo e ver as luzinhas dos vaga-lumes. 

Natal é assim para mim, um momento nostálgico mesmo de momentos não vividos em dezembro, mas em algum tempo da vida.

Mais natalino que lembrar das visitas na casa da madrinha da minha mãe, que enfeitava a casa de dentro e de fora para o natal. No jardim da casa dela, em frente a porta de entrada da sala de visita, tinha uma araucária enorme, com jeito de natal. O gramado verdinho levava até a porta branca de entrada e aquelas salas com portas de correr e seus tapetes maravilhosos, vários quartos e banheiros com banheira, janelas exuberantes para qualquer dia do ano, e ainda mais para o natal.

Minha avó preparava um doce árabe feito de semolina e nozes, que ela preparava uma semana antes e no dia 25 quando visitávamos os parentes, ela levava  um prato com algumas unidades daquela iguaria.

Tinha comida que era feita na páscoa e outras para o natal. Eu gostava de tudo mas as esfihas de verdura e os doces de nozes eram os meus preferidos além do pão assado com zathar.

No natal tinha a árvore enfeitada com bolinhas douradas, era lindo de se ver. Mas era uma época mágica que reunia toda a família e naquela mesa as diferenças desapareciam porque era hora de compartilhar.

O que é mágico e mutável é que a época do natal podemos partilhar crenças, assim como mudar ou acrescentar às nossas; momentos e vivências.

A vida é incrível em juntar e afastar pessoas. Isso me lembra muitos momentos vividos mas me lembro de um amigo que nunca mais o vi, nos perdemos um do outro, no momento que ele me encontrou mas eu encontrei outra pessoa que no momento estava disponível para mim e que não era ele. Eu vi ele juntar e separa várias vezes, eu vi o filho nascer. Naquele dia que ele me perdeu, eu não imaginava que o fosse perder para sempre. Quem sabe um dia a vida nos faz um reencontro mesmo que seja para termos certeza de que estamos bem.

São muitas lembranças que revivem em dezembro nessa época triste e feliz dependendo da perspectiva e das vivências. Por muitos anos passei sem sentir a vontade de viver o natal, porque as pessoas com quem eu passava não tinha a sensibilidade de vivenciar, ou acolher a relação de vida que não era a deles.

Mesmo assim natal é um momento mágico, seja com crianças na casa ou sem elas. É um momento de preparar alimentos que podemos e que escolhemos que todos gostam. Representa sentar-se à mesa e compartilhar não só o alimento mas a amizade. Natal são perfumes, cores, luzes, que encantam as pessoas que gostam de estar com a gente.

Quem sabe esse seja o espírito do natal!!

Imagem Baixada Gratuitamente do site pixabay

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