Quando eu me aprovo

Gosto de levar o leitor a pensar comigo, numa construção coletiva sempre, porque somos diversos e de opiniões. Não é um certo e um errado, não tem juízos de valor, mas de construções e vínculos. Somos pessoas diferentes, construídas em momentos distintos, mas com concepções sociais ainda muito equivocadas e enraizadas também culturalmente. Esses aspectos são importantes de ser lembrados porque somos pessoas sociais, culturais mesmo que indivíduos em processos de construção e em transformação contínua , ainda que estacionados em algum ponto da vida.

Quando nossas emoções nos deixa chateados, magoados com alguma crítica, esse peso deve ser construtivo para nossa evolução. Devemos avaliar através das nossas percepções no sentido de o quanto aquela crítica nos abalou e como podemos por nós mesmas mudar comportamentos. Sim, no sentido de mudança pessoal e não do outro. Nesse movimento é fato que a mudança de comportamento deve ser nossa, porque a crítica nos atingiu.

O papel do amig@ verdadeir@ é justamente mostrar para nós o que não está bom, mesmo que a crítica seja na percepção dele, na escolha dele, na avaliação dele. Não estou dizendo que nossa escolha em deixar os cabelos brancos, por exemplo, é equivocada, definitivamente não. O que quero dizer é que sempre esperamos que um amig@ nos acolha, queremos ser aprovadas em nossas escolhas. Mas esse pensamento também me leva a pensar na seguinte pergunta, "se escolhemos algo para nós, partindo de um desejo, se a escolha faz parte do nosso processo individual que não é do outro, então por que esperamos a aprovação dos outros? De quem deve ser a aprovação e o acolhimento?

Nessa reflexão cabe a nós observar um outro ponto que diz respeito aos valores culturalmente construídos, sobre os "padrões" ou "rótulos". Vamos pensar juntas? Imagine a seguinte situação: "ao nascer você ganha um pote de vidro, numa caixa maravilhosamente decorada e nela alguns adesivos autocolantes e canetas de cores diferentes. Num momento da vida, você escreve frases diversas nas etiquetas e preenche o pode de vidro em toda sua volta. Lá na sua vida adulta, encontra a caixa guardada em um baú, abre e relembra todas as emoções vividas naquela época e faz uma retrospectiva de todas as suas construções de vida até o momento presente "algo que a maturidade nos privilegia a fazer - olhar para nossa vida", você olha o pote de várias perspectivas diferentes e percebe que não enxerga nada de lado algum e começa a descolar as etiquetas, deixando algumas ainda, porém já tem uma visão melhor através do vidro".

O que quero dizer com tudo isso? Muitas coisas para você leitora refletir sobre!

Nós somos o pote de vidro e as etiquetas são os rótulos sociais que por muito tempo colamos em nós, aceitando as regras sociais e culturais mesmo contendo crenças limitantes. O fato de colar não quer dizer ficar para sempre com elas. Podemos descolar e até colar outras no meio do caminho porque o percurso de vida é nosso. A vida é um presente diário de reflexões de quem nós somos, quem queremos  ser e escolhemos no nosso caminho, quais são as marcas positivas que queremos guardar, quais marcas negativas que nos ensinou a sermos melhores, o que podemos dizer para aquel@s amig@s que dizem que estamos velhas por deixarmos nossos cabelos brancos porque podemos escolher também o que dizer a el@s quando algo nos incomoda. 

A vida madura é um privilégio! Me lembro da obra "O Caipira picando fumo", não pela ação de picar o fumo, mas pela simplicidade de ser o "caipira figura construída socialmente", sentado na porta de sua casa. Nossa casa interna deve ser o local de acolhimento dos nossos sentimentos. Devemos estar em paz conosco mesmas porque vivemos, convivemos, compartilhando histórias, tocando na nossa vida e do outro como nós somos de fato pessoas individuais, percebendo e sentindo emoções a todo momento. Aprender a dizer o que nos incomoda para amig@s que nos machuca é um ato de amor por nós, é o limite na linha imperceptível da amizade, mostrando para el@s que não gostamos do que foi dito e que o outro deve tomar cuidado no que diz para nós. Porque escolhemos aquelas amizades por motivos que só nós sabemos na seleção natural da vida. Sim!! Devemos selecionar e escolher as pessoas com quem queremos conviver com qualidade por mais um ato de amor conosco e nutrir relações saudáveis, não só com pontos de vista e críticas mas com regras e respeito.

Quem tem que aprovar nossas escolhas, é o outro ou nós mesmas?



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