"GATO"
Já deve ter ouvido falar no "Gato de Botas", esperto como um gato e falante como um homem mas você não conhece o Sushi, um gato branco e preto, idoso que sofre de bronquite asmática. Não é de sua doença que apresento este gato em particular e sim de sua destreza com computadores.
Encontrou no computador um lugar quentinho para ficar e junto de mim fazendo companhia, que aliás é meu querido grude, dorme comigo todos os dias e nesse tempo de home office trabalha ao meu lado também.
Mas como qualquer gato doméstico brinca com seus brinquedos, enfrenta a cachorrinha Maré, sua nova parceira e adora desbravar as teclas no notebook. Todas as vezes que eu me levanto para qualquer tarefa pessoal e da rotina diária, ele além de deitar em cima do teclado, colabora com as descobertas da máquina.
Ontem conseguiu diminuir a claridade da tela e diminuir o som, hoje acessou o Microsoft Edge e o ligou o modo áudio. Levantei-me para atender a cachorrinha que estava miando atrás da janela por conta dos trovões e quando eu volto para o trabalho ele estava conversando com alguém, deitando plenamente em cima do teclado, quem sabe cuidando para quando eu voltasse.
Eu ando preocupada com ele, está querendo tornar-se um empreendedor digital ou comunicar-se com seus amigos felinos? Cada dia que passa, o Sushi aprende algo novo com a tecnologia. Adquire conhecimento digital e colabora comigo, com algo que não uso comumente no cotidiano. Será que ele está querendo me mostrar um caminho novo de possibilidades? Lógico que estou brincando com você leitor, afinal sabemos a realidade, mas o gostoso da vida são as possibilidades em brincar e inventar, criar falas e textos, histórias e diversão sem perder a razão.
No meu mundo infantil, trabalhando com crianças pequenas, é essencial a fantasia e a realidade, a construção de histórias fantasiosas e fantasmagóricas, faz parte do mundo da criança. O gato Sushi torna-se um personagem como protagonista de sua história pela minha visão e a sua companheira Maré, inseparáveis nessa aventura digital. Aguardem por novidades, tenho certeza que vão gostar!
Minhas paixões pela educação está nas possibilidades que a criança traz para dentro da escola, o que ela cria, o que vive, o espaço que a transforma e que é transformado por ela estar ali com os outros, nessa convivência e interação com o outro. A realidade de muitos deles é mais dura que a nossa existência, então as histórias trazem para eles um pouco de leveza fazendo conexões saudáveis nas vivências diárias. Nosso papel como professora é árdua e desafiador todos os dias, porém a literatura colabora na construção e no desenvolvimento intelectual da criança, marcando momentos, como uma linha do tempo do percurso de vida dos pequenos; é o encontro da fantasia fazendo conexões com a realidade.
Nesses tempos de isolamento, tivemos que nos reinventar e reinventar diariamente a educação e a infância à distância. Pensando e tendo que enfrentar o retorno no auge da pandemia, porque ela é real e está acontecendo, as concepções de infância que acredito e vivencio nos tempos contemporâneos deverão ser colocados à prova nesses momentos. Pensando e vivendo a criança como protagonista de sua história sendo parte de uma concepção de educação que preza o desenvolvimento da criança com voz e ação, compartilhando e integrando-se em todos os espaços e com todos os colegas, teremos que "implantar" a concepção de infância de hoje na concepção de educação de 1970 quando a criança não tinha voz e nem espaço para desenvolver-se com tanta liberdade como nos dias de hoje, onde, conforme o protocolo de reabertura das U.E.s as crianças não vão poder compartilhar mesas, brinquedos, livros de histórias, sentadas juntas confabulando suas experiências, sem falar na máscara, no não aperto de mão, no não beijo e abraço; compartilhando tantos "nãos" e poucos "sins".
Hoje estamos na pandemia, trabalhando das nossas casas e as crianças participando de suas casas. Hoje tivemos uma reunião com as professoras e com as crianças, compartilhando um momento tão singular com músicas, histórias e nós professoras pudemos ter conhecimento do que estão fazendo em casa, que vídeos estão assistindo, quais brincadeiras estão fazendo com seus familiares. Foi um misto de alegria e saudades, saber que estão bem e na expectativa do desconhecido de como será essa nova experiência em recomeçar com tantos "nãos" a fim de salvar vidas. Porque se caso perdermos uma criança, uma família, um funcionário perderemos o ano letivo. E ao meu ver o ano letivo não foi perdido pois as propostas pedagógicas estão sendo feitas, as formações e reuniões, os encontros pedagógicos realizados, os planejamentos executados, e tudo isso na manutenção dos vínculos e na preservação da educação, diante de todos os processos vividos e enfrentados coletivamente e individualmente a seus modos por cada um de nós. Estamos sendo guerreiras e guerreiros nesse processo de vida, nunca imaginado por nós; eu creio.
Porém pensando nessa situação, cabe a nós aproveitar os momentos com mais leveza, viver o hoje e o agora, brindar a vida que temos, agradecer por estarmos aqui com nossos propósitos e trazer a ludicidade para nossas crianças. Vamos brindar e brincar com o nosso melhor, vivendo um dia de cada vez para um futuro melhor e que o presente seja ainda cada vez melhor!!
Ah!! Ia me esquecendo. O gato manda lembranças! Na minha ausência ele mandou um email, fez uma chamada de vídeo com a editora e agendou uma reunião para o dia 14 com a empresa que fornece comida!
Um grande beijo e até a próxima!!
Sushi
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