Bloqueios

Não me espanto com os bloqueios das pessoas porque tenho os meus que fazem parte de mim. Hoje consigo entender um milésimo de qualquer coisa sobre a cabeça de um idoso, como alguns tem dificuldades de adaptação nos dias de hoje tão distantes com os dias de ontem, onde eram mais ativos.

Como disse no começo, tenho meus bloqueios que me tornam devagar para algumas coisas, mesmo me considerando forte e resiliente para a vida. O que são meus bloqueios misturados às minhas inflexibilidades, mesmo quando tenho rompantes de ânimo e tomo atitudes para me adaptar a algumas situações, tornando-me flexível para aqueles momentos, meus bloqueios não deixam de existir. 

Tem momentos que os coloco de molho, como barba de papai noel, na água morna e produtos para deixá-la mais branca, mas tem momentos que visto um tênis confortável para caminhar nas ruas e fazer reflexões em movimento. Tenho momentos para chorar e tomar uma xícara de chá verde tostado ou aqueles tempos para degustar um pedacinho de chocolate amargo com nibs. Tenho momentos para apreciar a vida e sofrer com a ideia da morte quando a velhice chega ao gato; isso me entristece.

Não tenho bloqueios que me paralisam, as vezes sim, mas na maioria meus passos passam a ficar mais lentos por conta de me dar conta que a vida é imprevisível para tudo que se faz. Se temos uma dívida e fazemos um acordo, no meio do caminho, vai precisar de um valor para emergências e se não tem nem tudo não se pode deixar de fazer. Procurar caminhos e descobrir que nem todas as soluções são tão rápidas de ser conquistadas. 

Outro dia conversando com uma pessoa, ela disse "hoje todo mundo faz bolo para fora, mas o meu é melhor". A diferença de um bolo para o outro pode ser mínima, mas o que difere é a acreditar que o seu bolo é melhor que dos outros. Mas a crença não é absoluta, o produto precisa ser diferenciado com uma cobertura diferente, um ingrediente "mágico", uma embalagem e uma marca mesmo que seja simples.

Mas o bloqueio existe no processo e o que fazemos com ele ou ele faz por nós? Se o bloqueio é consciente procure anular o bloqueio. Se ele é inconsciente é melhor que seja encontrado o mais rápido possível para que se faça uma escolha consciente sobre se ele fica e é direcionado ou se ele vai para algum lugar não tão longe de você.

Em dias difíceis se dá conta de que na nossa busca em aperfeiçoamento o melhor é feito todos os dias, mesmo que caminhando nos deparamos com buracos, animais peçonhentos, silvestres, ciclistas, estradas sinuosas, com cascalhos, um cão perdido, estradas afuniladas, sem iluminação, com uma casa a cada 2 km, matagal ou apenas você caminhando por ela, que num certo momento se pergunta para onde está indo, sem direção. No caminhar encontra a motivação em continuar para encontrar o que tem no quase fim da estrada, uma bifurcação talvez. Continua caminhando e respirando o ar puro, esvaziando a cabeça com o quase fim como "presente". Mas no caminho faça planos sem expectativas, organize os pensamentos e pare de caminhar quando sentir o vento batendo no rosto percebendo que está no alto de uma montanha. Tenha força para admirar não só o seu percurso mas veja a beleza do seu caminhar e onde está agora. Sinta o calor na pele madura e o vento balançando seus cabelos e tenha a certeza que o melhor está por vir no processo de humanização interior quando puder contemplar o horizonte do mar com o céu, seja no nascer ou no pôr-do-sol. Entenda que a vida é uma surpresa e que mesmo sendo limitado você é capaz de deixar adormecido seus bloqueios mais severos, fazendo da sua vida dias coloridos, cinzas, verdes, roxos, branco e pretos, na imensidão de viver uma vida bem vivida.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O Turismo e a Claudinha

Autora

Vila das Borboletas