Novas Maneiras de Olhar para Fora
Algo no meu dia me emocionou. Lendo um material sobre educação, concepções de infância, olhar para fora requer exercício em olhar para dentro, assim como criar as possibilidades para ouvir a criança, permitindo que ela seja protagonista de sua trajetória, também requer dar permissão do adulto ser protagonista de sua própria história e trajetória, tanto pessoal quanto profissional. Melhorar o espaço de convivência escolar, de trabalho, implica em questões humanizadoras. Um espaço é feito de pessoas diferentes, diversas, porém construir um espaço solidário, de igualdade, de justiça, de equidade, sustentável, leva tempo e dá trabalho, porque é feito de pessoas, de vozes, de gente que constrói todo tempo e se constrói a cada discussão, a cada reflexão, a cada ponto e vírgula de uma questão apontada, num diálogo entre seus pares; como instrumento de conflito e resolução. No diálogo permito que eu fale sobre minhas concepções de sujeito e de formador, permito ouvir o que o outro tem a falar, permito considerar o que o outro tem a dizer além de mim. E considerar o que o outro tem a dizer, diz dele e de mim, porque se sou um bom ouvinte, respeito ele e respeito a mim como protagonista de uma história contada por pessoas. E esse protagonismo é diário que conta quantas mudanças somos capazes de propor, de fazer, de listar, de emancipar, de acreditar da mesma forma que temos capacidade de discutir, em provocar provocações, de propor soluções, afinal as relações são construídas assim como os espaços reflexivos, as conversas com seus pares, apontando crescimento e desenvolvimento; e nessa relação todo mundo ganha. De acordo com o Currículo da Cidade de São Paulo - Educação Infantil: equidade e igualdade é fundamental na relação construída coletivamente e no que tange essas concepções de educação, a mudança que parte do envolvimento das pessoas, ganham identidade coletiva nos chãos da escola, dependente dos encaminhamentos do projeto que se escreve, que trabalhe, mas para isso o esforço e a construção precisa ser diária e protagonista de cada um e de todos. Porque a escola é um espaço vivo e ativo, que pensa, que atua, que fala, que ama, que adivinha, que acolhe, que é vivo e é vida. Os momentos de escuta e de fala torna o espaço de reunião, de aprendizagem e de reflexão, tomando nesse movimento, algo consciente em si mesmo. Essa construção além de viva e ativa deve fazer parte real do Projeto Político Pedagógico da escola já que entendemos que ele é a identidade da unidade escolar. Se essa identidade fala da escola, que seja construída por toda uma equipe de diferentes segmentos, funcionários, crianças, famílias e comunidade do entorno; todos envolvidos no plano de desenvolvimento, nas discussões, ideias e resoluções; e para essas mudanças feitas há a necessidade de registros dos vários atores, em diferentes registros, atuando como marca do momento histórico-social contado por tais protagonistas ativos daquele território, pertencentes àquele momento contado. É sempre momento para a escuta, sempre o momento para a fala, para a ação de fato pelas pessoas que estão naquele momento naquele lugar. Sempre há momentos de olhar para fora e para dentro, não só em olhar mas que seja um olhar reflexivo e contemplativo, do que um dia fez sentido e o que hoje faz sentido, no movimento constante pela busca da mudança. Um exemplo simples e prático da vida de um profissional da educação. Vá até o Museu do Ipiranga e aprecie, contemple e observe detalhes de cor, textura, fundo e figura da obra Independência ou Morte do artista brasileiro Pedro Américo. Depois se dirija ao Museu de São Paulo Pinacoteca, lá participe de uma exposição interativa, observe seus sentimentos, olhe as cores, os movimentos, perceba como você interage na obra de Ernesto Neto por exemplo. Quando sair de lá faça registros de memória das duas obras. Relate tudo que lembrar e faça uma análise crítica de ambas. Como eu resumo essas duas experiências de maneira rasa e direta, a obra do primeiro espaço traz uma história retratada na história do Brasil e faço uma analogia com a sua formação acadêmica. A outra exposição também tem significados tanto para o artista como para você, mas por ser uma exposição imersiva e interativa, considera não só as suas percepções quanto a de todas as pessoas que visitam o espaço. Ela representa uma forma de olhar, maneiras de expressão, sem um certo ou um errado, sem juízo de valor, apenas considerando que a obra foi feita para todos. E isso na sua atuação profissional pode te representar no hoje, na busca incessante do novo, na maneira que reflete a sua alma, na constante imersão do seu "eu" Sujeito e do seu "eu"profissional querendo dar novos significados na constante mudança do mundo em que vivemos. Nós profissionais da educação somos profissionais privilegiados no que diz respeito à constante formação. Lembra que a escola é um território vivo, ativo e em constante mudanças? Lembre-se que você faz parte dessa constante hoje história social construída também por seu protagonismo adulto e mesmo que tenha sido uma criança que não aprendeu a ser protagonista enquanto criança, pode dar a possibilidade de crianças serem e você adulto ser também; portanto quando você muda interiormente como sujeito que olha para dentro de si e vê as inúmeras possibilidades de ser diferente, percebe que lá fora o mundo pode ser monocromático ou colorido nas inúmeras maneiras de ser no mundo; mudando assim suas concepções de educação.
Imagem: acervo pessoal
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