Buenos Aires

Estive em Buenos Aires a uns anos atrás. Fui com a minha filha e a minha mãe numa excursão. A saída de São Paulo foi estressante porque esquecemos que por minha filha ser menor de idade precisava de uma declaração do pai, que na época não viajou conosco, junto ao cartório, alegando que ela podia sair do país para turistar conosco. Leis são estranhas as vezes porque minha filha estava comigo e precisava da autorizar do pai para viajar para fora do país. Com o nervoso que eu passei no aeroporto fiquei com enxaqueca misturada a rinossinusite que você pode imaginar o meu estado físico naquele dia. Depois de horas de espera no saguão do aeroporto de Cumbica, aguardando o documento de autorização e a hora da remarcação da passagem, embarcamos com destino à Buenos Aires. Fizemos uma ótima viagem com as minhas limitações de dor de cabeça, com aquela dificuldade em pentear os cabelos. Naquele dia eu pensava que só podia agradecer quando estivesse em solo Argentino passando pela alfândega. Quando desci do avião com elas, pegamos as malas e logo ao sair da esteira, fui barrada por um policial que me revistou inteira e perguntou sobre a minha bagagem, porque a minha cara estava horrível. Fomos levadas por um motorista do próprio hotel. Com a minha dor de cabeça e com remédios que não faziam efeito, eu fui ficando cada vez pior e durante o caminho percorrido, ele tentou brincar comigo, dizendo a minha mãe se meu marido me esperava no hotel porque ele ia me perguntar se eu tinha vindo de motocicleta por estar com os cabelos ao vento. Engraçadinho! Ficamos num Apart Hotel no bairro de San Telmo em frente a um armazém. No Apart tinha uma piscina aquecida e no apartamento banheira e o que me ajudou a salvar a viagem foram essas bonitas. Eu me enfiava de cabeça nessa água quente e lá ficava até amenizar a pressão na cabeça e no rosto. Depois de 3 dias fazendo essa imersão, fui melhorando e aproveitando a viagem. Buenos Aires é um lugar acolhedor para onde um dia ainda volto. Ele é romântico, elegante, comida gostosa, pessoas hospitaleiras. Pouco entendia o que as pessoas falavam mas sinceramente, me senti em casa, uma terceira casa porque a primeira é o meu lar, SP, a segunda Curitiba aonde eu passava minhas férias na casa dos meus avós maternos e a terceira Buenos Aires, onde deixei um pouco do meu coração e trouxe um pouco das emoções vividas por lá.
Me emociono a cada lembrança porque elas carregam cheiros, imagens, sabores, pessoas, cultura e conhecimento. O que dessa vida levamos é isso, viver com a intensidade que me faz me tornar todos os dias uma melhor pessoa. Eu sou o que me torno todos os dias. Viajante, conhecedora, amante, pesquisadora, um pouco de tudo eu trago na minha bagagem chamada vida e deixo um pouco de mim mulher chamada desejo de viver.
Em frente ao nosso Apart tinha um simpático armazém onde vendiam uma tortilas de massa folhada com recheio de verdura e ovo, para alguém vegetariana como eu, era uma opção de alimentação ou a pizza de queijo que tinha na mesma rua que ficamos. Seguindo em frente algumas quadras para o sentido da rua principal, tinha um mercado Bazar 13 e uma banca de doces onde eu comprava alfajor de geléia de rosa mosqueta e chocolate branco e as de doce de leite com chocolate amargo. Fomos ao Tango à noite, conhecemos La Ricoleta, e um estádio de futebol, um cemitério, passeamos no rio Tigre e na rua Florida, compramos blusas de lã e jaquetas na loja Sylvia & Mario, almoçamos numa casinha simpática onde comi uma massa vegetariana e uma fatia de bolo com sorvete para comemorar meu aniversário e numa outra para comer saladas e tortas. Nossa viagem foi simples e fantástica que me faz querer voltar para Buenos Aires e me estender para outras cidades da Argentina. Quem sabe um dia vou esquiar e vislumbrar as montanhas nevadas das grandes janelas do hotel de Bariloche, visitar a vinícola que tem o meu sobrenome, andar de bicicleta pelas ruazinhas e conhecer lugares inóspitos. A vida está aí para ser vivida por estradas, por ar e por mar..

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